domingo, 26 de março de 2017

Austrália: "quase" proibida para cadeirantes

Opera House - Sydney, Austrália
A Austrália é linda, clima gostoso e pessoas amigáveis. Mas isso você SÓ percebe, depois de conseguir triscar as rodinhas por lá. Já visitei uns vinte países, e juro, pensei que seria impossível conhecer a Austrália (por isso a foto tema do blog). Explico:

Pode até parecer, mas não sou tão louca assim. hehe... Avalio a probabilidade de risco nas minhas aventuras. Imprevistos podem acontecer com qualquer um. E sempre acontecem comigo.☺ Daí, melhor prevenir.

Conhecer a Austrália era um sonho. Só que o país é tão longe do Brasil, que rolou um medo, que durou até... meu irmão resolver ir. Penetrei a viagem dele e com antecedência, parceladinho, comprei tudo: hotel e passagens. Nunca pensei que teria problemas com o visto. But...

O drama do visto para cadeirantes

Minha vida tava meio muuuuito corrida até a Paralimpíada (fui cobrir os jogos como jornalista e chupar o dedo como paratleta. hehe quase! Era a 1a reserva na lista mundial). Bom, Rio 2016 acabou em setembro e entrei com o pedido de visto para a Austrália em outubro, três meses de antecedência da viagem. Após um mês, 24 de novembro, recebo a seguinte intimação do despachante:

"Bom dia Sra. Carla, O Departamento de Imigração julgou necessário solicitar exames médicos para a senhora, segue abaixo as instruções."

Opa! Deu medo...  Meu otimismo me consolava: Ah, tá! Como eu coloquei no formulário (enoooorme, diga-se de passagem, 2h respondendo!) que eu era tetraplégica, devem estar com medo de eu não ter condições de saúde para viajar. A Austrália é um continente, mas muita gente a chama de continente-ilha. Daí, tem que se proteger de doenças infectocontagiosas... Apesar disso, no fundo, eu tava achando uma droga ter que passar por avaliação de saúde por ter uma deficiência. Mesmo me sentindo invadida na dignidade, fui. Até então, via sombra de razão na solicitação obrigatória.

O médico brasileiro foi bacana. Avaliou minha saúde, urina, pressão... e tals. Perguntou coisas sobre minha vida e achou legal saber que eu sou paratleta e jornalista, com várias viagens no currículo. Ao final da consulta, eu pergunto: "tenho chances, doutor?". Ele respondeu: "claro, você é mais ativa do que muita gente sem deficiência". Saí toda feliz do consultório. Só que mais tarde ele me liga com perguntas dos médicos do consulado. Perguntas do tipo: se consigo me vestir só, tocar a cadeira, fazer xixi...  coisas que vocês já sabem do post A primeira viagem: Atenas 2004. Sempre viajo com uma cuidadora. Aliás, o processo do visto dela estava correndo junto com o meu, ela só iria, se eu fosse. Só que para minha ajudante não foi solicitado exames médicos prévios.

Mais uma angustiante demora, dia 19 de dezembro (praticamente a um mês da viagem). Recebo a negativa prévia: 

Parte do documento que recebi da avaliação médica do Commonwealth

"Uma avaliação do seu estado de saúde por um Médico Oficial da Commonwealth (MOC) foi concluída. Depois de uma cuidadosa consideração, o MOC determinou que você não atente o requisito de saúde para viajar para a Austrália. Antes que uma decisão seja tomada em sua solicitação do visto de turista, você é convidado a comentar o parecer do Médico da Commonwealth."












                                                                                                                                          
Oi??? Tem gente confundindo deficiência com doença?! Ou é discriminação?!  

A Commonwealth é uma organização de países, em sua maioria, ex-colônias Britânicas. Os países-membro são considerados iguais em status. O documento do médico da Commonwealth é claro: a negativa se dá pelo risco de eu, tetraplégica, requerer serviços de saúde e outros, destinados aos com deficiência da Austrália. E isso teria um custo significante. Eu só queria fazer turismo, não fugir do Brasil.
Parte da carta que enviei em minha defesa ao Consulado

Como me deram a chance de contra-argumentar, arregacei as mangas. Afinal, dentre os integrantes da Commonwealth, eu já visitei dois países: Reino Unido e Canadá. Sem exigências de avaliação de saúde ou dificuldades em tirar o visto. Esse já foi um dos argumentos da minha carta.

Alguns dias e juntei todos documentos. Da Confederação de tênis de mesa confirmando que já competi em 33 eventos, e em muitos países, da TV em que trabalho, e do meu médico, claro, afirmando que eu não tinha doenças e que minha deficiência não contra-indicava viagens. Hehe... Quem quiser uma cópia integral da carta, peça em privado.

Entrevista com a deputada federal Mara Gabrilli

Além disso, tive a oportunidade de entrevistar a deputada federal, Mara Gabrilli, que tem uma tetraplegia (bem mais limitante fisicamente que a minha), quando contei o ocorrido. Ela me disse que não sou a primeira cadeirante a passar por isso. E que até já conversou com o embaixador Australiano sobre esse problema. 
Um amigo me mandou o link de um caso semelhante. Uma cadeirante paraplégica que queria estudar oito meses por lá (caso visto negado Thais). 

Após todo esse estresse, saiu meu visto dia 30 de dezembro. Ufa!
 Ehhh!!! Alegria de pobre dura pouco. Ainda dependia do visto da minha cuidadora, que só foi sair três dias antes da viagem!! Sufoco. Detalhe: no meu visto, tenho que voltar da Austrália até JUNHO de 2017. Já a minha cuidadora, até JANEIRO de 2018! Será que houve diferenciação??

Dica: se você é cadeirante, solicite o visto com muita antecedência! E prepare-se.

O pior é que amei o país!! Fiquei com muita vontade de estudar um tempo por lá. Será que eles me dariam o visto?? Ai, que preguiça!!

Vamos nessa!

sexta-feira, 24 de março de 2017

Brasília: casa de show Bamboa

Rodei por lá e gostei. 

Foto do tripadvisor.com.br
bamboabrasil.com.br

Estacionamento

Eu dirijo. Sempre procuro o lugar mais perto para estacionar em baladas. Já é difícil desviar de carros, buracos e calçadas de dia, à noite, nem se fala! Ainda tem que desviar do povo que bebe um pouco além da conta! haha... Também demoro muito pra transferir pro carro. Mais perto, menos risco.

Ao entrar no estacionamento pago da Bamboa, a mocinha já foi avisando: 30 reais! Não precisei dizer nada. Ela viu minhas adaptações no volante e a credencial de pessoa com deficiência do Detran e já retificou:
- ah! pra você é liberado. As vagas especiais são ali.
São quatro ou três vagas reservadas. Estavam todas vazias às 23h. Ao ir embora, todas com carros sem credencial. Dica: chegue um pouco mais cedo para estacionar bem.

Ingresso

Preciso de ser acompanhada por alguém. Levei minha cuidadora e entramos com apenas um ingresso comprado. Ao comprar a entrada na loja da Bilheteria Digital, no shopping Pátio Brasil, fui informada que se o evento não é com cadeira marcada, o cadeirante que precisa de ajuda, como eu, compra apenas um. E foi o que aconteceu.

Ninguém perguntou pelo ingresso dela, não tive que explicar o que foi passado pela Bilheteria Digital, e isso me livrou de estresse e constrangimento. Adorei.

Acessibilidade

Não fui no bar, só na casa de show. Tudo plano, Tem banheiro adaptado e grande escondido em frente ao posto médico. Amei o toilete ser longe do banheiro dos outros. Evita o uso de todo mundo. Raro as pessoas resistirem a tentação de usar o banheiro de cadeirante no aperto. hehe... Bom, tava meio fedido, mas aparentemente limpo. Menos risco de infecção urinária. A bexiga agradece.

O camarote tem acesso por escada. A dica é comprar ingresso na pista. Aliás, eu acho bem melhor. Fica perto do palco e vc interage com as pessoas.

Vamos nessa! ;)

domingo, 19 de março de 2017

Disney para cadeirantes

Primeira vez na Disney pós lesão, 2005
Essa cadeirante já foi duas vezes à Disney. A última vez em 2014. Aprendi na marra (e correndo alguns riscos) quais brinquedos são seguros para mim. Por ter uma tetraplegia, não tenho equilíbrio de tronco. Isso quer dizer que sou uma maria mole sem apoio nas costas, e não consigo fechar as mãos, ou seja: não me seguro pra evitar quedas. Caio mesmo! Você não precisa entrar nas mesmas ciladas que eu já me meti, e pode aproveitar mais o passeio. Postei algumas dicas baseadas na minha experiência.

Para pensar antes de viajar
Opção de show sem sair da cadeira de rodas

Se você não quer sair de jeito nenhum da sua cadeira de rodas, vai ficar restrito a shows e poucos brinquedos (de cabeça estou me lembrando de um ou dois em que fui direto na minha cadeira). É uma opção. Já que a Disney é uma fantasia, linda de ver. 

Camilla, minha amiga, e eu. Disney 2014 


Se você é paraplégico e tem muita força no braço e controle de tronco, vai poder ir em praticamente tudo, desde que consiga se transferir sozinho. A má notícia é que os funcionários dos parques são proibidos de ajudar. Mesmo que esteja óbvio que você vai morrer, lá, eles não te proíbem de ir nos brinquedos (se você é adulto e está dentro dos parâmetros de tamanho). Por um lado é bom. Você é único responsável pela decisão de ir. Mas exatamente por isso, ninguém ajuda mesmo. Nem adianta. 


Se você é lascado igual a mim. Kkk... E quer aproveitar o máximo de atrações possíveis, vai conseguir se divertir muito se levar dois ajudantes para as transferências. No meu caso, sempre viajo com uma cuidadora. Eu sempre sou duas. Se você não for um gato forte, ou uma amiga poderosa, pode ter certeza que me convidou, convidou duas pessoas. Hehe... Então, eu precisava apenas de uma pessoa. A primeira vez fui com minha irmã e cunhado, que ajudaram muito. A segunda, com uma amiga. E pasmem. Esses dias ela me disse que foi uma das melhores viagens que ela fez! Achei fofa! Às vezes você pensa que está atrapalhando, e pelo contrário, suas limitações trazem vivencias que acrescentam! 


Nete (cuidadora) e cunhado Bruno - Universal 
Acho que um dos melhores pra cadeirantes sozinhos. Muitas das atrações são de assistir e a maioria das que tem carrinho, ohh... (isso no Magic Kingdom e na Universal), vc nem precisa sair da cadeira de rodas. Vai de cadeira de rodas e tudo. Ah! Não esqueça de verificar seu freio, senão, vai passar aperto!

Ingressos

O fato de ter que levar um cuidador aumenta as despesas. E não há descontos em ingressos.

Estacionamento

Caso você dirija, leve para a viagem a credencial do órgão de trânsito que permite seu estacionamento em vagas especiais no Brasil. Eu tenho a credencial do Detran e levei. Além de ser uma prova oficial de que sou uma pessoa com deficiência (em casos de descontos ou outras facilidades), eu estava com carro alugado (minha amiga de motora), e era só apresentar o documento nos estacionamentos da Disney que me permitiam estacionar em local mais próximo do parque. Eles têm um estacionamento enorme mais próximo (ou seria menos longe do que o comum hehe), só para pessoas com deficiência. E lota. Também vale a regra: chegou mais cedo, estaciona melhor.

Prioridade na entrada

Eu de cadeira de rodas na esquerda da foto. Tudo acessível!
Não é como no Brasil. Para ter facilidade na entrada de brinquedos sem enfrentar longas filas, assim que chegar nos parques, você tem que procurar o Guest Relations (relações com os clientes). Lá, perguntei se poderia ter prioridade em filas. Cada caso é avaliado. Eles me deram um cartão que eu marcava horários nos brinquedos que desejava ir. Aí era bem mais fácil planejar as idas aos banheiros para o cateterismo, sem deixar que isso atrapalhasse meu lazer. Perto do horário determinado, eu ia ao brinquedo e entrava pela parte de acesso rápido. Minha cuidadora e amiga também podiam entrar comigo. Lembro de ter limite em reservas de horários. Uma nova marcação só podia ocorrer, após ter finalizado outras. Apenas comigo as meninas podiam entrar. Isso, para evitar fraudes.

Como saber se um brinquedo é seguro para suas limitações

A minha experiência foi no teste. E me lasquei muito por isso. O que aprendi, pode servir para sua segurança.

No geral, quando o brinquedo é mais tranquilo, em que a própria pessoa tem que se segurar, aí é PERIGOSO pra mim. Eu não tenho equilíbrio de tronco e nem seguro nas barras laterais. Risco sério. Abaixo foto do ideal de segurança para mim. Aprendi me metendo em furadas, pra nunca mais! Que eu conto pra vocês, no próximo post: Disney e as furadas em que me meti!

Exemplo de brinquedo seguro para mim, e provavelmente para outros tetras com movimentos semelhantes aos meus:
cinto ou proteção entre as pernas, e sistema de proteção de tronco, com braços laterais. A falta de UM  desses itens,
faz a brincadeira ser perigosa.
Segue links que minha amiga eficiente Camilla e eu usamos em 2014, e que nos ajudou:

quarta-feira, 15 de março de 2017

Disney SEM espinafre 😟

*Parte do texto resgatado do meu antigo blog: Carlinha em Atenas



Carlinha abusando e se dando mal!

Tive uma experiência ruim que valeu só pra eu aprender. Como sou tetra, não tenho equilíbrio de tronco. Para ir aos brinquedos com movimentos rápidos, era necessário ou uma segurança que prende o peito (tipo em montanha russa que vc nem se mexe) ou alguém do meu lado para eu segurar com meu bíceps, (que é muito forte) o braço da outra pessoa. Bom, descobri depois de passar por isso, ai, ai, que os brinquedos mais “fraquinhos” pras pessoas comuns, são os piores pra mim. Isso porque a inércia manda no meu corpo. Se o carrinho faz movimentos bruscos e eu não tiver nada me segurando, lá vai a Carla junto... Hehehe! Inocente, resolvi ir no barquinho do Popeye (Island Of Adventure). Era uma brinquedo para crianças, e a burra aqui, achou que seria seguro. Não foi. Ele tinha descidas e viradas rápidas. Nada tão forte pra me desequilibrar se houvesse alguém do meu lado. O problema: era um lugar por pessoa. A pessoa ia sozinha no vagão, e se segurava com as mãos em barras laterais. Eu não fecho os dedos das mãos... daí, o que me seguraria? Nada né. Medo!! Na primeira descida meu bumbum levantou mais alto que o normal e me desequilibrei, caí um pouco pra frente! Normalmente a 1ª descida é sempre a menos íngreme. Caramba, me deu um desespero. Minha irmã  Katia estava no banco da frente e comecei:

-Katia, vou cair! Katia, vou cair! Coitada! Ela não tinha o que fazer, a não ser ir me avisando das próximas quedas d'águas. Ainda eram duas. Cheguei até a dar uma choradinha de medo! Rs... Mico!
 Nisso, eu agarrada no encosto dela, único jeito de me segurar, leio no painel: proibido agarrar no encosto da frente. Bom, na verdade era um desenho. E eu pirei! 
 Resolvi enfiar meus braços nos lados do barco e fazer muita força pra cima. Na “pior” descida meu braço chegou a soltar umas 2 vezes, mas consegui, de alguma forma, me segurar. Saí com os braços marcados e com a experiência de saber que tipo de brinquedo eu não poderia ir. Acho que era muito difícil eu cair do brinquedo, mas poderia me machucar batendo no banco da frente. Foi bom... pela experiência. E Só! Rs... 

Eslováquia, Vila Vlkolínec, 2009

*Textos e fotografias resgatadas do meu antigo blog: Carlinha em Atenas

04/05/2009 

Eslováquia: Dia livre em Ruzomberok

Hoje conhecemos uma vila que está na lista da Unesco como patrimônio cultural da humanidade. O nome é complicado: Vlkolínec. Mas só conhecemos por birra e muuuita teimosia!! Nós somos chatos mesmo! Kkkk... Bando de cadeirantes que não se conformam em ficar quietinhos! Coisa difícil, gente!

Kovaski, Carla e Joyce. Faltou o Carluxo na foto. Nem conto onde ele estava. hehe...

Primeira dificuldade: o carro.

Pedimos uma Zafira porque tinha que caber três cadeiras de rodas atrás. Ok, todos acomodados, cadeiras e rodas empilhadas no porta-malas, quase não fecha, faz uma forcinha ali, empurra um tantinho aqui e pronto! Mas eis que surge o Carluxo. Já estávamos esperando ele. Mas havíamos esquecido um detalhe: o Carluxo é uma atleta que anda, no entanto, não consegue dobrar os joelhos.

Gente, o esforço que ele fez para sentar no banco de trás... Impossível. Não tinha como entrar com as pernas esticadinhas. Foi aí que percebi o quanto o taxista era legal. O Peter já tinha nos ajudado a entrar no carro e empilhar as cadeiras. Desfez tudo, ajudou o Kovalski (cadeirante) a sair do banco da frente e ir para trás, arrumou os bancos na maior paciência e reorganizou as cadeiras. Com ajuda da Nete, claro. O Carluxo coube e lá fomos nós: tres cadeirantes, um mais ou menos e a Nete. A única andante corajosa da galera!

Nete, a guerreira!

Fomos chegando a aldeia e era linda. Só que era subindo no pé da montanha. Quanto mais alto ficava, mais o terreno, diga-se de passagem, de pedrinhas batidas, ficava íngreme. A idéia era o taxista nos deixar no topo e irmos descendo, conhecendo a vila até a base. Quem disse que deu? O Kovalski foi a cobaia. Só foi descer na cadeira que ela não parava quieta. Derrapava para um lado, para o outro e a Nete deu o veredicto: não dá. Sozinho com cadeira, não.




Quase voltamos para o hotel. Mas o Peter perguntou para seu chefe se poderia nos esperar lá. O chefe deixou por 10 euros a hora. Só precisávamos mesmo de uma hora para conhecer a vila. E eu perguntei se então ele poderia nos ajudar. Pra minha surpresa, ficou super feliz! Nossa, difícil cadeirante encontrar taxista gente boa assim! Desceu com o carro conosco até a igreja, subiu esses tres cadeirantes na escada da casa que é um museu, tirou foto nossa e também pediu para tirar conosco, e empurrou o Kovalski, e às vezes a Joyce, ladeira acima e ladeira abaixo. Sempre satisfeito mostrando o sorriso que faltava alguns dentes. Engraçado, imagino que dentista seja muito caro aqui. muitas pessoas tem os dentes errados ou a ausência deles.



Peter atras do Kovalski, tirando água (natural, corrente da montanha. Geladinha... Uma delícia!)

do hidrante da vila. Ao lado,  torre com o sino. Meio de comunicação do antigo povoado.
Pra finalizar, ainda nos levou pra conhecer um lago perto do hotel “de grátis”. E na chegada ao hotel, ajudou todo mundo a voltar para suas devidas cadeiras! Tirando o Carluxo que não precisa de cadeira, claro. Mas ele também teve a atenção do Peter. Veio batendo maior papo em “Portuenglish” com o eslovaco. O Peter gostou bastante da nossa turma. Uma boa alma esse taxista. Que Deus o abençoe.


*Fico devendo uma foto do Carluxo.

Bjoos...

Morte no avião

*Textos e fotografias resgatadas do meu antigo blog: Carlinha em Atenas


29/05/2006 

Morte e azar. Alemanha... vida de atleta sem glamour
Cerca de duas horas após a decolagem, um ucraniano duas fileiras à direita da nossa se levanta passando mal. Sentia falta de ar. Logo as aeromoças, que não falavam português, o levam para a cabine da frente. Depois disso ouvimos vários anúncios. O primeiro pedia auxílio de algum médico. Começou a correria. Os dois colegas do ucraniano vinham a todo o momento buscar algo na classe econômica com cara de desespero. O segundo anúncio avisava a má condição do passageiro. O terceiro, que voltaríamos ao Rio de Janeiro (esse retorno demoraria 45 minutos) para que o senhor pudesse ter alguma chance de sobrevivência. O quarto, assim que pousamos, informava o falecimento do senhor minutos antes.
Esses foram os únicos avisos da noite que procederam. O outro, que previam o horário da nossa ida a Alemanha em dentro de uma hora, mudou para o dia seguinte às três, depois às cinco da tarde, mas que se realizou apenas às seis da noite. A solução para a fatalidade que podia até nos atrasar algumas horas foi tão precipitada, que o atraso foi de 24 horas. Isso fez com que perdêssemos um dia e meio de competições e prejudicássemos além de nós, os atletas dos outros países que fariam equipe conosco.
O avião virou cárcere. Ninguém podia sair. As pessoas passavam mal, os comissários não sabiam quais os procedimentos tomar, muito menos o capitão. Não tenho ideia a que horas retiraram o corpo do avião. Mas eu, o Iranildo e acompanhantes só saímos de lá às duas da madrugada. Isso depois de fazer um drama, senão teríamos sido os últimos a sair. Os colegas do ucraniano teriam dito que ele estava internado em um hospital, não havia recebido alta, mas fugira para viajar. Ele teve um edema pulmonar. Afogou-se no próprio sangue. Lembro-me perfeitamente dele se levantando com falta de ar... A vida é muito efêmera.
Chegamos a Amsterdã, Holanda, cerca de 11 da manhã. Ao contrário do que os responsáveis de SP da a empresa aérea em que viajávamos, a KLM, (pois é, no Rio não tem representação da KLM. Imaginem a bagunça na aterrissagem e decolagem) o vôo  de conexão da manhã para a Alemanha não nos esperou. Aguardamos o outro vôo a tarde toda. O primeiro sairia só às 17:00 hs. Essa foi a única parte melhorzinha. Ficamos na área vip bem confortáveis com direito a champagne e biscoitos amanteigados. Estávamos muuuito cansados. No aeroporto, devido a confusão do nosso atraso, ninguém havia ido nos buscar. Esperamos mais uma hora e gastamos vários euros na tentativa de contatar a organização. No hotel, mortos de fome, descobrimos que o jantar já tinha sido servido no ginásio de competições. Há cerca de 50 horas doida por um banho, me deparo com uma banheira. O jeito foi tomar banho fora do box. Sem ralo, a água escorreu para o carpete do quarto. Ahhhh...

São cinco horas de diferença do Brasil. Acordamos feito zumbis e fomos ao ginásio. Nem contei, o Zé, nosso técnico, teve uma crise de dor de coluna que aumentou muito. O coitado está sentindo tanta dor que não consegue nem apoiar a perna direita no chão. O pessoal até brinca dizendo que ele é o terceiro atleta do time. Apesar dos risos, estou preocupada com ele. Até lembro os meus sintomas quando tive a lesão. Enfim, debilitado, não podia nos aquecer antes das partidas. Pra completar a maré de sorte, os meus jogos e 


os do Iranildo eram ao mesmo tempo. Sempre um dos dois ficava sem auxílio técnico.


Depois de um dia cansativo desses, o que Carlinha mais quer?? Cama! Ai, ai, ai... meu quarto foi bloqueado. Ao ver o carpete ensopado, os responsáveis do hotel “putos” da vida resolveram trancar meu quarto. Eu sei que errei. Mas fiz de tudo pra água não escorrer. Coloquei toalha no vão da porta mas mesmo assim não deu. Umas três horas esperando solução. Que constrangimento! Odiei a atitude deles. Depois de meia-noite encontramos um lugar para que eu pudesse tomar banho, o vestuário da piscina. Acabou que pedi ajuda para uma espanhola e com trabalho, fiquei na banheira mesmo. Hoje teremos uma conversa para decidir se vou ter que pagar ou não essa joça. Pra finalizar com chave de ouro, na festa de encerramento o organizador veio falar que não recebeu meu depósito da inscrição. Ainda vou ter que ir ao banco reclamar.

Graças a Deus, nada de ruim aconteceu na viagem de volta. Kkkkkkk... nunca pensei que ficaria tão rápido com tanta vontade de voltar ao Brasil. Espero que nada mais aconteça. Vou me benzer. Hihihi..

Bjoos...

Mundial na Suíça 2006

*Textos e fotografias resgatadas do meu antigo blog: Carlinha em Atenas

25/09/2006 


Bom demais representar o Brasil! Mundial Montreux


To muito feliz. Ainda não começaram os jogos, começam amanhã. Até agora nos adaptamos ao fuso horário de cinco horas de diferença, conhecemos o local de jogos, que por sinal é um auditório famoso pelos shows de jazz que apresenta, treinamos, eu até fiquei com um roxo no braço hehehe, é a vontade... E agora a noite foi a cerimônia de abertura.


A viagem foi a mais cansativa de todas as que já fiz. Uma noite em São Paulo, um hotel bem confortável e uma hora da tarde já estávamos prontos para pegar o temido avião da KLM (quem leu meu post da Alemanha sabe o porquê rs) que sairia às 18:40. Afinal, 18 atletas convocados, dentre eles, nove cadeirantes para serem carregados, é... A gente dá trabalho meeesmo hehe, mais os técnicos, chefes de delegação, apoios e etc... A antecedência necessária para evitar imprevistos.

Não dormi mais que duas horas na viagem até Amstersdam. Fora isso, tudo certíssimo. Tava precisando de uma viagem tranqüila na KLM pra perder o medo. Haha! Tava crente que o avião ia cair. Boba mesmo... Umas 13 horas depois, um avião para Genebra, mais uma hora e pouco, um ônibus pra Montreux que demorou uns 50 minutos e finalmente... Hotel. Hahaha! Eu pensava isso né.


A cidade é linda. As montanhas ao fundo do lago, casinhas que parecem de boneca, os carros são OS carros, hotéis com cara de castelo e a rua limpíssima. Tem um caminho na calçada especialmente para cadeirantes, lógico que qualquer um pode usar, mas tem até o símbolo de acessibilidade (aquele bonequinho que é uma cabeça e uma cadeira de rodas) pintado no chão. Para não ter que descer ou subir a ladeiras das ruas, usamos o elevador público. Vida boa! Mas voltando ao hotel... Esperamos o dia inteiro a resolução de um problema: todos os quartos tinham cama de casal.

Depois de tanto tempo de viagem, poucas horas de sono, bumbum, coluna tudo doendo e pés inchados, tudo que todos queriam era cama. Os chefes de delegação tentaram de tudo mais o hotel não solucionou o problema. Pra falar a verdade, eu e alguns não achavam isso um grande problema, mas... Só à noite mudamos de hotel. O cansaço era tanto que várias vezes eu acordava caindo da cadeira numa das “pescadas” involuntárias na espera. Esse hotel que estamos é bem bonito por fora, mas pra cadeirante bem ruinzinho por dentro.

Só há um elevador para sair do hotel. Imaginem o congestionamento de cadeirantes no horário de pico! Rss... Meu primeiro quarto, é já mudei, nem entrava no banheiro e pra tomar banho, só me virando dentro de uma banheira. O segundo eu entro no banheiro. Ehhh! Dá pra lavar o rosto, escovar os dentes... Mas o box da ducha é tão pequeno que tomar banho na banheira ficou muito, mas muuuito mais fácil. Comédia! Quase me machuquei hoje. Amanhã vou tomar no quarto de alguém. Kkkkk... Imaginem a cena: eu de toalha e o funcionário do hotel colocando uma cadeira de plástico, a minha de banho não cabe, dentro do box. Que vergonha!!



Mas pra finalizar bem o dia, hoje fui uma dos cinco atletas escolhidos pra representar o grupo e o Brasil no desfile de delegações. Que orgulho! Pra quem outro dia nem se considerava atleta, agora até ser uma dos atletas representantes da seleção Brasileira eu fui. Honra... Ah! Amanhã é o open (todas as classes contra todas as classes). Isso escrevi ontem. Joguei bem o open hoje, mas não deu. A francesa, Clod, é muito boa e tem bastante mobilidade. Depois do sorteio caí com a Clod de novo. Eita sorteio bão! Hehe... Vamos ver se com outra estratégia eu vá melhor amanhã.

Nova Iorque + New York = Nova York

*Textos e fotografias resgatadas do meu antigo blog: Carlinha em Atenas


14/06/2005 

NYC...


Como os primeiros colonizadores dos Estados Unidos, também me senti descobrindo a América. Isso porque visitei cidades tão diferentes entre si, que deu pra ter uma maior noção do país. Eu e a Net encontramos meus pais e a Katia e o Bruno, que já estavam viajando de carro, na nossa primeira parada: a cidade de Nova York.

Net e a sra. Estátua. No Museu de Arte Moderna vc pode ouvir as informações de várias obras através de um aparelho que eles alugam.


Foi meio estressante achar um hotel, NY é uma cidade cara. Depois de pesquisar muuuito encontramos um hotel bem localizado, na esquina da 47 com a Broadway, mais barato que os outros, mas com o quarto ruim para cadeirantes. Enfim, com o pessoal ajudando, deu tudo certo. Não espere muita gente amigável em NY, parece que estão sempre mal humorados e com pressa. Mas é só coisa de cidade grande... enorme...

Lá o esquema era andar, andar e andar (no meu caso rodar. Rs..). Putz, fiquei muito cansada. Comparando com antigamente, ficar sentada na cadeira me cansa bem mais do que quando andava o dia inteiro. Mas a Katia e o Bruno, os “guias”, eram incansáveis. O lado bom é que conhecemos muita coisa. Nova York é uma cidade que não pára. Pra conhecer todos os pontos turísticos acho que seria necessário mais de um mês. E nós, em 5 dias, conhecemos o Museu de cera, a Estátua da Liberdade, o Museu da História Natural, a 5ª avenida, o lugar das Torres Gêmeas, o Empire State, Times Square, Central Park, o Museu de Arte Moderna, Chinatown, o Fantasma da Ópera, ilha de Ellis (o lugar onde os imigrantes eram recebidos 1892-1954), Litle Brazil...


1- Vista de Manhattam. 2- Bruno na Times Square. 3- Meu pai onde ficavam as Torres Gêmeas. 4- Central Park.

Gostei de tudo. Pra mim é muito difícil selecionar os melhores, mas vou falar um pouquinho de três visitas marcantes:

1-  Estátua da liberdade. Lá não há nada demais, a estátua e um museu. Porém, é um símbolo importante que faz a ida impreterível. Não fui ao museu e nem subi na estátua, só existe acesso para cadeira de rodas até a base. Sempre achei que ela era de mármore, mas não, é de cobre. Ela tem a cor esverdeada por causa da oxidação.

2-  O lugar das Torres Gêmeas. Um lugar triste, como um túmulo. Há um aviso para que os turistas não comprem nenhum souvenir lá. Isso para manter o clima de respeito. No cantinho, quase escondido, havia um musico tocando Oboé (instrumento de sopro) como homenagem. É interessante ir porque vc se depara com um fato histórico, recente, e que resultou em atitudes que afetam todo o mundo. Transmitido tantas vezes pela TV, a crueldade fica um pouco banalizada, lá, o fato fica próximo, real, a um palmo de seus olhos. Vc sente o clima de dor, da ferida numa cidade que é famosa exatamente por ter tanta vida. Tem uma cerca em volta que impede de entrarmos. A cerca é negra e quadros informam sobre o ocorrido em 11 de setembro. Tem um quadro enorme com o nome de todas as pessoas que lá morreram. Eles os chamam de heróis, talvez, o mais apropriado seria vítimas. Refleti bastante. No dia do 11/09 eu cheguei a ver pela televisão o 2º avião colidindo com a 2ª torre ao vivo. Imagino o que as pessoas nos aviões e nas torres sofreram sem culpa. Triste...

3- O Fantasma da Ópera. Maravilhoso! Fiquei com uma excelente impressão do que é um show da Broadway. A música, os atores, o figurino, o roteiro... me emocionei muito. Imperdível. A gente deu uma sorte de estar passando na frente do teatro e descobrir que naquele dia havia uma promoção. O lugar para cadeirante não era muito bom, tinha um “morrinho” que me deixava desequilibrada. Talvez por isso para nós, cadeirantes, o preço é ainda mais barato. Acabei dando um jeito e amei o espetáculo.

Caramba, só falei de NYC e ainda nem falei tudo. Bom, acho melhor deixar Orlando e Daytona Beach pro próximo post. Faltam só mais alguns dias e estarei de volta à terrinha.

Bjoos...


Ilha Grega Mikonos 2004. Eu fui!

*Textos e fotografias resgatadas do meu antigo blog: Carlinha em Atenas


07/10/2004 

Mikonos



Saímos bem cedinho. Eu, Net, Rosaninha, Nat, Fred e Fabio. 5:50 da manha já descíamos o elevador. Sem café, com tudo escuro, saímos correndo. A expectativa de ir de navio para uma famosa ilha grega era enorme, mas que decepção de navio! Uma lotação de gente. Não tinha espaço direito nem para andar. Só conseguimos lugar na varanda em cima. Um friiio... Detalhe, subi num elevador de carga, mas... Elevador. Tudo bem. Sete horas de viagem depois estávamos em Míkonos. Conseguimos uma hospedagem. A dona chama-se Cristina. Uma alemã muitíssima gente boa que se casou com um grego e mora há vinte e dois anos na ilha. Mais um grego esperto para confirmar minha tese.
 (Eu, Fabio, Rosaninha e Fred passando o tempo no primeiro navio. Truco... hehe ganhei todas!)

A pousada era bem arrumadinha. Os únicos problemas que encontrei lá foram uma escada de dez degraus e a cama que era mais baixa que o normal. Para quem estava acostumada (na verdade meus "carregantes") a descer e subir todos os dias uns 50 degraus, foi fichinha. O chato da cama era a dificuldade em passar só. Mas foram só 2 dias e ½ e a galera ajudou. Tranqüilo. Ao contrário dos taxistas de Atenas que me ignoram e que mesmo parando, quando vêem a cadeira de rodas fogem, os taxistas da ilha são ultragentis, até me ajudavam a sair do carro sem eu pedir. Teve um louco desse. Hehe! Mas ele fez certinho. Só teve um taxista sacana que me roubou. Cobrou 16 euros numa viagem de 9. Fdp!!

No porto estavam nos esperando o Gustavo, o Bruno e o Gaspar. Eles também trabalharam nas Paraolimpíadas e fizeram amizade com a galera. Foram super legais. Nos levaram aos melhores lugares. As praias são pequenas, mas lindas demais. O mar é azul transparente e gelaaaado. Nem entrei, fiquei no sol mesmo. Coisas de tetra... Rs! A areia é meio ruim. Cheia de pedrinhas. Areia boa é do Brasil. Que saudade... Fomos a três praias. Cara, era tanta mulher de topless! Tinha homem que também tirava, mas ficavam escondidinhos, não vi nenhum. Agora a mulherada não. Um mooonte! Sabe, era tão normal que não tinha como se escandalizar ou assustar. Todo mundo ficava na sua... Mas não se empolguem os carentes, a maioria é senhora e acompanhada.


(Carlinha em seu momento relax)

À noite fomos duas vezes a uma boate lá. Como está no finzinho do verão Mikonos não estava tão agitada, mas foi legal. No caminho demos de cara com um Pelicano (ave marítima que tem um bicão). O Fabio, que me empurrava (não levei a motorizada), chegou bem pertinho. Morri de medo daquele bicho me bicar. Aí falei: “sai de perto Fabio que eu tenho medo de Pelicano!!!”. Isso me rendeu gozações até o fim da noite. Poxa, mas eu tava certa não? Rs!

No último dia só fomos à praia. Nosso navio que sairia as 23:15 tava super atrasado e eu morrendo de fome. Assim que o navio (Ntaliana) estava aportando, a gente só vê a louca da Rosaninha correndo em direção ao navio e ao mar. Juro que pensei que ela fosse pular ou ser atropelada! O guarda ficou louco né. Aí ela volta com a cara deslavada, tadinha! O bilhete dela escapou e voou para o mar! Na hora foi preocupante, mas lembrar da cena agora é muito cômico. Acabou que como o cara viu tudo, não teve problema.

Gente, esse foi o pior navio de todos. Não tinha elevador... Uma inexperiência, para não dizer incompetência. Acho que os caras nunca levaram um cadeirante. Bom, entrei junto com os carros (fumaça!), fui carregada, passei pelos corredores espremidos e graças ao povo ter guardado um assento para mim, pude dormir. Quando a gente diz navio para as ilhas gregas imagina aquela coisa. Mas para quem não tem grana, como a gente hehe, a realidade é outra. Quando que eu pensaria que o navio viria lotado, só com escadas, o povo deitado tudo no chão, no meio dos corredores, aliás, em qualquer buraco em que coubesse um ser humano! Tinha gente que pegava cinco assentos e deitava, não estava nem aí para quem não tinha lugar. O povo fumava onde era proibido, comia as “merendas”, falava alto na madrugada! Uma beleza, maior bagunça! Hehe! Já que lá era uma zona mesmo, sentei na cadeira, coloquei os pés em cima da cadeira de rodas (atrapalhando o caminho) e dormi.

Fiquei com pena da galera que passou mal. Tava ventando muito e o navio balançou pra valer. Um grego que conheci lá disse que faz essa viagem mais ou menos uma vez ao ano e nunca tinha balançado tanto. Dava pena ver a Net e o Fabio. Depois de muito balanço chegamos a Atenas mooortos de cansaço e fome. Coitado dos meninos que ainda tiveram que me carregar na escada do colégio. Mas cheguei sã e salva! 

Amanhã, rumo a Brasília! Bjooos....


 Escrito por Carlinha às 17h19

Salva por cegos! A primeira vez de busu... EUA 2005

*Textos e fotografias resgatadas do meu antigo blog: Carlinha em Atenas


23/05/2005 

Enfrentando meus medos... remo a primeira vez

Adivinhem quem é essa pessoinha de verde remando no rio?? Ahá! Eu mesma! Foi tão difícil decidir ir que quase não acredito q fui. Mas... Como Carlinha foi parar no meio do rio Ohio?

O treinador já havia me convidado há umas 2 semanas. Quem me conhece sabe que não tenho o menooor senso de direção. Eu tava louca pra ir, mas sem condução, morrendo de medo de me perder na cidade.

E dá-lhe mapa, rota dos ônibus, ligações, perguntas, até que descobri quais deveria pegar. O problema é a distância do rio. Eu teria que pegar 2 ônibus e andar + uns 30 min, já que não existe rota que vá até lá.

O ônibus daqui é show. Ele abaixa, desce uma rampa, vc entra de cadeira e tudo. O motorista também te prende na parede do bus com travas nas rodas e cinto de segurança. Até quem anda de bicicleta pode pegar ônibus. Ele tem uma adaptação na parte da frente, a pessoa encaixa a bicicleta e entra. Primeiro mundo...

Voltando à minha aventura. O primeiro bus foi super tranqüilo. Bom, +ou-, eu, toda tensa conferindo o mapa e lendo o nome das ruas e a Net toda falante, tranquilona... Eu olhava para ela e pensava: “coitada, nem sabe a furada onde to metendo a gente”. Ela tava crente que tudo estava sob controle, segundo ela, ela sabia exatamente que ônibus devíamos pegar, rua e etc. Mas de vez em quando soltava uma assim: “Carla, a gente tem que pegar o 4 q passa aqui às 7:45”, eu: “Net, esse 4 vai pro sul, a gente quer ir pro norte”. Enfim...

No 2º, o motorista era um chato. Não me encaixou direitinho na parende, aliás, nem falou comigo direito e ainda não parou na parada que pedi. Foi preciso um passageiro gente boa me avisar que tinha passado. O carinha ainda nem pediu desculpas! Hunf! Aposto que ele votou no Bush! Tivemos que pegar outro ônibus pra voltar mas... Onde era a parada para o oeste? Pedi informação a um grupo q conversava, quando eles viram, eram 3 cegos. Q vergonha! Fiquei sem saber o que fazer. Como poderia um cego me mostrar à direção da parada?

O fato é que um dos cegos não só mostrou como me levou até lá! Mais um pré-conceito cai por terra! O cara era muito gente boa. Usando aquele instrumento, tipo uma bengala, ele ia ditando os objetos: “aqui tem uma árvore, aqui uma escadinha, então, a parada é neste poste”. Lembrei da Carlena. Uma amiga minha tetra que uma vez ficou presa num elevador com um cego. Amiga, o meu ajudante foi melhor que o seu. Hehe! Show!

O pior pra mim foi quando chegamos ao ponto onde teríamos que ir andando. Não sabia que o lugar era assim. Seguimos uma rua meio sinistra. As casas eram bem pobres e não tinha ninguém na rua. Umas construções do lado esquerdo e um matagal do lado direito. Tivemos que passar por baixo de uma ponte. Nessa hora, quase voltei. Vi vários colchões de gente que dorme lá e algumas garrafas de bebida. Se um cara se aproximasse, falando inglês de rua, que não entendo, naquele lugar ermo... Tava no sal! Morri de medo. Graças a Deus ninguém apareceu.

Andamos mais um bocado e... Eheee... Achamos!! Na hora de voltar, usei toda minha cara-de-pau e pedi carona para uma mulher que tinha acabado de conhecer. Eu que não voltava a pé naquela rua esquisita! Ela tava com dor de coluna e disse que me dava carona se eu transferisse só. E a suuuper Net me transferiu sozinha! Lógico, usando as dicas e habilidades

aprendidas no Sarah. Fiquei tão orgulhosa dela. Legal!

De pertinho pra vcs acreditarem. Rs... Eu mesma!
Remar é muuuito gostoso! No início rolou um medo, se a canoa vira, eu, toda presa na cadeira... já era! Mas depois.. Tudo bem que sou a maior fracote, fiquei pouco tempo na água, e hoje estou toda dolorida, mas foi delicioso. O barco (canoa, sei lá) já tinha adaptações, tipo encosto, remo especial, assento maior... Graças a Jenny, a tetra pioneira daqui. Ahhh... Adorei!


Nesse dia ainda fui para uma festinha do pessoal do curso. Todo mundo teve que levar comida do seu país. Levei brigadeiro que fez o maior sucesso! Muitas comidinhas gostosas! Cara, to engordando tanto nesse país. Impossível! Todas as estrangeiras reclamam da mesma coisa, é muito engraçado. Mesmo comendo pouco você engorda. Ah! Ainda teve show de talentos. Todos os países foram representados. Eu cantei “Garota de Ipanema”. Hahaha!! Esqueci a letra no meio, como ninguém entendia, inventei. Ninguém percebeu, nem a Net. Shhhh... É segredo viu! O pessoal gostou! Rs...

Bjoos...

Escrito por Carlinha às 17h19

Kentucky, a corrida de cavalos mais famosa dos EUA e carro adaptado

*Textos e fotografias resgatadas do meu antigo blog: Carlinha em Atenas

07/05/2005 

Derby: a super corrida de cavalos


O Thunder é uma festa super tradicional em Louisville, com fogos nível Copacabana. 


O Thunder é o anuncio do “Derby”. A mais famosa e melhor corrida de cavalo dos EUA e o orgulho de Louisville. Os cavalos daqui são muito bons. Até a rainha da Inglaterra compra os dela aqui. E eles amam essa festa. Vem gente do país inteiro assistir. As celebridades americanas também tem lugar cativo. São duas semanas de eventos antes do Derby. Quinta passada fui na parada “Pegasus”, também para comemorar a tal corrida. Foi muito bonitinha.
O Derby é o carnaval deles. A excelente desculpa pra fazer festinhas e beber. Tem gente daqui que não gosta exatamente por isso.
O povo faz de tudo pra arrancar uma graninha extra dos turistas. Até menu de restaurante aumenta de preço nesse período. Engraçado é o povo vendendo as vagas em estacionamentos: “É 5 dólar, é 5 dólar!”. Mas, só estacionamento privado, nos públicos não tem ninguém se apossando pra ganhar um trocado. Ou seja, sem flanelinha, no entanto, mesmo assim vc tem que pagar 0,25 centavos por cada 30 min numa maquininha do governo. Hehe! Os ingressos para a grande corrida são caríssimos, só vão os abastados. Como aqui quase todo mundo é bem de vida, os ricos são com R maiúsculo. Imaginem, os homens engomadinhos fazendo suas apostas e as mulheres emperiquitadas de chapéu e tudo. Enfim, a plebe faz festinha em casa mesmo. Rs... Por sinal, o Derby é hoje e tenho 2 festas pra ir.

Ah! Meu apê fica de frente pra rua de passagem pra ir ao estádio da corrida (tem capacidade maior que o Maracanã), só to vendo as limusines passando e um pessoal a pé com balões em formato de cavalinho. Rs...

Bjoos...

 Escrito por Carlinha às 13h53

19/05/2005 

Invenção do Prof. Pardal.


Esse carro é da Jenny, uma pessoa muito legal. Nem me conhecia e emprestou uma cadeira de banho (post 22/03/05) pra me poupar trabalho. Me deu várias dicas, desde esportes adaptados até como passar um Rímel sem adaptação. Hehe! Ela também é tetra e me dá um banho em quesito independência. Até filmei essa garota fazendo o que faz. Eu, em 7 anos de lesão, nunca havia visto uma tetrA como ela. Ai, ai... Chegando em Brasília, “ralação”! Senta e deita na cama, transfere, calça sapato, tudo sozinha! Bom, pra fazer tudo isso, lógico que ela é muito corajosa, talvez até um pouquinho doida, porque pra isso, ela tem que estar sem espasmo (movimento involuntário) que impossibilita o controle sobre o corpo, daí ela implantou aparentemente uma “caixa” (é isso mesmo, uma caixa dura, se bater faz toc, toc) na barriga. De 2 em 2 meses ela injeta remédio, e a tal “caixa” vai soltando de pouquinho na medula. Funciona que é uma beleza. A perna dela é molinha, molinha. Dá pra fazer tudo com a perna, mas... pra mim... Sei não. Acho muito agressivo.

Enfim, era pra falar do carro. Rs... Foi mal, me empolguei. O carro é coisa do outro mundo, levei meu pai pra ver e ele ficou de boca aberta, sem acreditar. E ele é todo entendido em mecânica. Pelo menos, pra mim é. Rs... Aqui tem empresa especializada, você pode comprar o carro pronto com essas adaptações. Quando a Katia voltar, vamos lá conhecer.



A Jenny anda com um chaveiro, tipo “alarme” de carro aí no Brasil. Ela aperta o botão do chaveiro, porta abre e a rampa desce. Fácil né? Ela só dirige de cadeira motorizada. Primeiro, ela fica mais independente podendo subir a rampa sozinha, segundo, a cadeira motorizada tem encaixe especial nas rodas. Ela sobe a rampinha, se posiciona no volante, e os encaixes das rodas da cadeira travam. O cinto de segurança já está no lugar quando ela se posiciona. Tudo pronto, ela aperta o botão pra fechar a rampa e a porta, liga o carro e dirige de cadeira de rodas. Ohhhh!

Muito, muito, muito legal! O bom é que o carro dela, apesar de ser maior que o tamanho normal de um carro, não é uma Van. O carro dela é um pouco maior que a Zafira.


Problemas: 1- quando o carro está com as rampas abertas, não cabe na vaga. Aí ela usa 2 vagas, se alguém estacionar do lado, ela não consegue entrar. 2- muito caro e trabalhoso, imagino, pra importar pro Brasil.
Soluções: 1- adaptar as rampas no porta-malas. 2- ganhar na loteria! Rs...

Bjoos...

 Escrito por Carlinha às 20h56